segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

O AMARGO SABOR DA ERVA (poema de Claudio Bento para Lucia Welt)

O AMARGO SABOR DA ERVA
(para Lucia Welt)

Tu instauraste o silêncio
E eu
Que tenho razão para ruminar dores
Fiquei quieto
Como um gato na noite
Esperando
Esperando
Esperando o momento
O sabor amargo da erva
A branca flor de lótus
Caída no jardim

Tu instauraste o silêncio
E um poema
Ruiu dentro de mim
Como um prédio em implosão
Ou talvez quem sabe
O estigma da cascata maldita
Teceu rendas de lágrimas
Amargou a sina de se saber maldita

Ou talvez tenhas mesmo enjoado de mim
Dos meus poemas
Das cartas
Descurtindo assim um amor de cunho virtual
De fotografias
De beijos que nunca molharam a minha boca

Mas que permanecem na memória
E isto é tudo que se guarda e vela

Cláudio Bento

Estou preocupado com você.

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