AGUACEIRO
Para Lúcia Welt
Quando chovia era um aguaceiro no mar dos olhos do menino
Lagoa serena ribombava d`àgua
O rio estourava pelas beiras
Quando chovia era assim
Mariposas aos milhares rodeavam a lâmpada da sala
Sapos vinham visitar a nossa porta
Louva a deus vinha pousar em nossa janela
Ariris faziam festa no céu
Seriemas voavam na branca planície da praia
Chovia muito no sertão do vale encantado
Chovia dias inteiros
Goteiras despencavam do telhado de barro cru
Entrava àgua no quarto na sala na cozinha
Àgua do Jequitinhonha
Àgua do São Miguel
Água do córrego das Abóboras
Àgua do Anta Podre do São João do Tamburi
Àgua dos minadouros da serra das Quatro Patacas
Àgua de rio de córrego de riacho de ribeirão
Besouros rola bosta entravam pelas frestas das portas
Formigas em golfadas surgiam nas paredes da casa molhada de chuva
Esses bichos faziam parte da família
Como faziam parte da família o galo a galinha o marreco
Naqueles dias de chuva no sertão do vale encantado
Cláudio Bento
BH . Outubro 2007
Há 6 anos
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